Médico

 - Doutor, estou me sentindo muito mal: meu nariz está entupido, não respiro direito, não durmo bem à noite, acordo exausto, passo o dia tossindo e espirrando, meus olhos coçam, minha garganta arranha, dói para engolir e por isso já estou comendo menos, sinto-me fraco. O senhor acha que pode ser coisa grave?

O médico o examina, faz perguntas, aplica testes e exames, para eliminar qualquer suspeita mais séria. Chega ao diagnóstico:

- O senhor está sofrendo de alergia provocada por ácaros. A sua casa é mal ventilada, empoeirada, tem muito mofo ou umidade?

- Ah sim! Tudo isso! Na verdade, a minha casa anda bem suja. Eu não tenho muito tempo para limpeza...

O médico avalia a situação e indica o tratamento:

- Vou lhe receitar um antialérgico potente. É caro, mas vai resolver a questão da alergia. Só tem um problema: com essa medicação, o senhor vai ganhar peso, vai inchar e talvez se sinta um pouco indisposto.

O homem se preocupa:

- Mas esse é um grande problema, Doutor! O que pode ser feito?

- Para controlar o peso, recomendo que faça academia três vezes por semana, com acompanhamento de um personal trainer; e sessões semanais de drenagem linfática, para minimizar a retenção de líquidos. Para a indisposição vou lhe receitar um remédio que vai ajudar muito, mas pode provocar insônia. Nesse caso, o senhor usará este outro, para regular o sono. Depois avaliamos se houver outros efeitos colaterais.

Enquanto o médico prescreve, o homem faz as contas. O tratamento vai custar uma fortuna por mês, sem contar o já gasto com a consulta e os exames, tudo caríssimo!

Mas é uma questão de sobrevivência - ele não pode mais viver sentindo-se tão mal. Graças a Deus há tratamento! Enfim, resigna-se.

Outra pessoa talvez pudesse pensar simplesmente em fazer uma boa faxina na casa e assim eliminar o problema.

Nem o paciente nem o médico pensaram nisso.

Graças a Deus há problema, digo,  tratamento...